Estou sentindo algo intenso por dentro
Mais quente que uma corrente queimando
Tenho uma sensação lá no fundo
Está tomando, está tomando, tudo que eu tenho
Niall Horan - Fireproof - One Direction
Só de ver Gabi acabada, triste e em um mundo só dela no qual ela não me deixa entrar me deixa de coração partido. Ela ainda não contou para a família sobre a doença e juro que estou me segurando para não abrir a boca. Tudo que quero é o bem dela, mas será que ela entende isso?
Fiquei esses dois últimos dois dias no meu apartamento, os meninos vieram me ver e fui obrigado a não falar nada para eles, pois se eu contasse, Harry iria falar para a Kelly e ela iria contar para a família da Gabrielly.
Agora eu estava sozinho no meu quarto, desenhando como sempre, pensando na vida, no que vai ser a partir de agora: Gabrielly doente, o casamento, o Liam, a Perrie, tudo que está envolvido também na historia e o que eu posso fazer? Nada. O casamento depende da Gabi também, não posso decidir tudo sozinho, o Liam... bom, enquanto ele estiver longe melhor. A Perrie. Vou ter que conversar com ela, afinal eu a larguei e passou todo esse tempo, fiquei sem falar com ela e explicar o que realmente sinto.
Meu celular começou a tocar me tirando de todos os pensamentos. Olhei no visor e era o Zack. Atendi sentindo a minha barriga embrulhar.
- Zayn? - ele perguntou do outro lado da linha.
- Oi. - murmurei fechando os olhos com força, sentindo uma sensação estranha me invadir.
- Tem como você vir aqui.. quer dizer, no hospital. A Gabi... - ele deixou a frase no ar. Eu desliguei na cara dele e fui direto pro closet pegar um par de tênis e um casaco, pois estava chovendo lá fora.
Peguei o capacete em cima do sofá e as chaves da porta e da moto que estavam na mesinha de centro.
Quando cheguei ao hospital, nem parei na recepção, avistei Zack e Jessica sentados esperando. Quando os dois perceberam que eu havia chegado tudo que Jessica conseguiu fazer foi correr e me abraçar. Correspondi o abraço e olhei para Zack que tinha os olhos vermelhos, lacrimejando, os lábios estavam inchados, ele estava preocupado assim como eu.
- Oh Zayn - Jessica me largou, limpando as lagrimas do rosto. - O que aconteceu com ela? O médico não veio ainda, não tenho noticias dela há quase meia hora. Eu sei que você sabe, então por favor me diga.
- E-eu... eu não sei se...
- Fale por favor Zayn. O que ela tem? Vocês brigaram e ela ficou triste? Ela ficou esses dois dias sem comer, ficou trancada no quarto, não quis falar com ninguém, até pedi que ela te ligasse e ela disse não.
- Eu sei que está escondendo algo - Zack se pronunciou pela primeira vez. Agora ele estava mais perto, eu podia ver seus olhos azuis, eles pareciam mais escuros agora.
- Meu Deus, tudo bem, eu falo. Gabrielly anda tendo essas recaídas há dias, ela anda desmaiando, ela está fraca, não consegue fazer quase nada. Quando fomos para Paris eu a levei para o hospital depois dela ter passado mal.
- E ai? O médico de lá disse alguma coisa? É grave? - Jessica perguntou deixando que algumas lágrimas escorressem de seus olhos.
Agora todos olhavam pra mim com expectativa. Todos, eu quero dizer: o médico que provavelmente acabara de ver Gabrielly, três enfermeiras que o acompanhavam. Eles sabiam o que a minha pequena tinha agora, eu não podia negar algo na frente deles pois com certeza, sem duvidas, eles iriam contar.
- O médico disse que ela... Ah droga, eu não sei como falo isso.- comecei a chorar.
- Desembucha Malik - Zack parecia nervoso, ou melhor, ele estava.
- Que a Gabi tem leucemia.
- Oh meu Deus, não pode ser! - Jessica se pôs no chão de joelhos, suas mãos estavam em seu rosto - Me diga que isso não é verdade Zayn. - ela me olhou. O médico se aproximou cauteloso, ele me olhou com piedade.
- Se acalme Sra. Gomez - ele sussurrou. - Vamos para a minha sala, eu explico tudo lá dentro.
- Minha filha não! Onde ela está? - ela se levantou e tentou correr pelo corredor, os seguranças a seguravam, ela se debatia, suas pernas balançavam. Zack estava paralisado, só havia lagrimas em seu rosto.
- Me soltem! Preciso vê-la - Jessica gritava.
- Sra. Gomez, se acalma, assim poderei liberá-la para ver sua filha.
- Me soltem! - ela disse relaxando o corpo, os seguranças a colocaram no chão, suas mãos entraram em contado com o granizo gelado, ela soluçava enquanto murmurava algo baixinho.
- Jessica - murmurei me ajoelhando. Eu a puxei para um abraço, ela não se moveu só se pôs a chorar mais ainda em meus braços. - Vai dar tudo certo, vai ficar tudo bem.
- Não Zayn, não vai. A minha filha... meu Deus isso é um pesadelo que parece que não acaba.
- Mãe? - Zack a chamou. - Mãe? - ela não o olhou. Não entendi no começo, eu me afastei e apenas observei. - Mãe? - ele a chamou novamente. Jessica abaixou o olhar para o chão e limpou as lagrimas - Mãe? - ele gritou puxando-a bruscamente, ele balançou-a, ela ficou paralisada. Fiquei em choque, o que estava acontecendo?
- Me solta - ela pediu e ele assentiu.
- Mãe? Olha para mim. - ela olhou em seus olhos. - Eu sei o que está sentindo, é a Gabi que está naquela cama, mas não se esqueça que um dia também fui eu que fiquei. Fui eu que sobrevivi á doença e estou aqui, ela vai sair dessa assim como sai. Acredita em mim mãe?
Meu coração parou assim que o ouvi dizer aquilo. Zack também tinha a doença e sobreviveu? Gabrielly sabia disso ou não? Meu mundo estava desmoronando cada vez mais e eu não sabia onde me esconder, não sabia o que fazer com a minha garota, eu estava precisando de ajuda. E ela mais ainda.
- Posso vê-la? - perguntei baixo apenas para que o médico ouvisse e ele assentiu com a cabeça.
- Venha comigo. - ele começou andar, deixando Jessica e Zack conversando. Eu apenas o segui. O quarto 186 estava com a porta fechada com uma placa dizendo: apenas pessoas autorizadas. Não faça barulho.- O que o senhor é dela? - ele perguntou.
- Noivo. - não evitei e sorri.
- Oh, eu sinto muito sobre a noticia.
- Tudo bem.
Quando a porta se abriu, meu mundo caiu e se quebrou em pedaços. Havia agulhas enfiadas nos braços da minha pequena, ela dormia feito um bebê, o barulho da maquina que media seus batimentos mostrava o quão calma ela estava. Ela respirava através do balão de oxigênio, seu rosto estava pálido, seus lábios roxos e rachados, dava para ver as olheiras debaixo dos olhos, mesmo ela estando adormecida. Aquilo era o fim do mundo pra mim, não aguentava ficar calmo, sem não chorar e rezar para que tudo desse certo, que ela voltasse a ser a garota animada e mimada que sempre fez questão de encher o meu saco, a garota linda que sempre amei.
Me aproximei cama, tropeçando em meus próprios pés.
- Gabrielly... meu amor, minha vida. Está me ouvindo? Acho que não. Bem, se estiver ouvindo, quero que saiba o quanto te amo e que estarei aqui para sempre. Por favor, seja forte, por mim, pelo Zack e pela sua mãe. Ela está sofrendo muito, você não tem noção querida. Saia dessa, por favor - senti as lagrimas invadirem meu rosto. - Caramba Gabrielly, por que não contou para eles? Talvez agora você não estivesse aqui nessa cama de hospital. Sabe o que é pior do que isso tudo? É te ver aqui e não poder fazer nada para mudar isso, te ver com os olhos fechados com medo de não te ver com eles abertos de novo. Eu te amo Gabi. Com todas as minhas forças, fique aqui tá? - beijei a sua bochecha, sentindo sua pele gelada.
Me afastei da cama indo em direção a porta, eu precisava tomar um ar, esquecer dos problemas e evitar vê-la nesse estado. Meus dedos tocaram a maçaneta prateada e abri a porta. Então quando foi quando eu ouvi o barulho da maquininha dos batimentos cardíacos, meus olhos se arregalaram quando virei para trás e vi Gabrielly tendo um ataque cardíaco, ela estava tendo uma parada do coração. Gritei por ajuda, os médicos apareceram e me tiraram de lá. Tudo que ouvi foi o médico chamando por ajuda também. Minha vida não podia estar pior.